Meu primeiro contato com o RPG Solo se deu há menos de 1 ano, quando a Skynet o Facebook me sugeriu — por conta de alguns grupos que ainda justificavam a existência de uma conta minha na plataforma — a comunidade brasileira sobre o tema.
Minha história no RPG, entretanto, começou há quase 30 anos, quando o hobbie começava a dar as caras por aqui oficialmente, com a notícia do lançamento de GURPS pela Devir…
A tal “notícia” nos direcionou à finada livraria Leitura da Savassi, e para lá nossa pequena comitiva se dirigiu com a missão de conhecer o tal jogo que nos permitiria “criar e viver uma história”. Infelizmente (ou felizmente, diriam alguns) não tivemos sucesso em sair de lá com uma cópia do GURPS, pois éramos quatro filhos para criar, mas a semente havia sido plantada, e todos os presentes que pudemos escolher passaram a girar em torno da nova mania que eu e meus irmãos — principalmente o mais nerd deles — tínhamos adotado: o RPG.
O resultado disso foi o acúmulo de alguns sistemas: o D&D da Grow, AD&D (e o bacaníssimo Planescape), Vampiro: A Máscara, Lobisomem: O Apocalipse e até mesmo uma cópia da primeira edição nacional de Shadowrun.
Passamos muito tempo criando fichas e mais fichas de personagens para quase todos eles, mas nunca chegamos a jogar qualquer partida. Mesmo com um grupo formado por membros da mesma família, cada um tinha suas prioridades, e só conseguimos viabilizar poucas sessões dos introdutórios Aventuras Fantásticas, Dragon Quest e First Quest.
O interessante é isso: o RPG é, em essência, uma atividade coletiva, mas o mais difícil — sejamos bem sinceros — é justamente criar e manter um grupo. Eu mesmo já fui desses jogadores que começam em uma semana, somem na semana seguinte, voltam para mais uma ou duas partidas e depois somem de vez.
E o que essa história toda tem a ver com o RPG Solo? Tudo, pois ele resolve justamente essa dificuldade de se ter alguém com quem jogar RPG. Através do RPG Solo é possível, por exemplo, testar um sistema que você comprou e nunca tirou da estante; no meu caso, em modo solo eu consegui tirar da hibernação esse que é um dos meus hobbies favoritos.
Para concluir, antes que se possa argumentar que “RPG Solo não é RPG”, em 1975 um camarada chamado Gary Gygax — sim, ele mesmo — publicou o artigo Solo Dungeon Adventures na primeira edição da newsletter The Strategic Review. Portanto, se o próprio Gygax falou que dá para jogar RPG sozinho, que sou eu para contestar?
- Ouvindo: Real Estate - Paper Cup