10 de janeiro de 2012

Press Start - Golden Axe

Press Start - Golden Axe

Nascido em 1976, tive meu primeiro contato com os jogos eletrônicos antes dos 4 anos de idade, com o jogo Bazooka. Lançado em 1977 pela PSE (Project Support Engineering), o jogo consistia em usar um controle em forma de bazuca - duh - para atirar nos veículos inimigos que se moviam pela tela monocromática.

Apesar de saber que eu não deveria atingir as ambulâncias, minhas partidas não duravam muito, o que não é de se estranhar, se levarmos em conta o fato de que eu não dava altura para a máquina, precisando ser suspenso por um adulto para poder ficar de frente para a tela, e atirava (ou pelo menos tentava atirar) descontroladamente em tudo que se mexia.

Alguns anos mais tarde - em 1985, se não me engano - ganhamos nosso primeiro videogame, um Atari 2600 da Polyvox, mas de vez em quando conseguíamos convencer meu pai a nos levar ao fliperama. Pela proximidade, normalmente íamos a alguma das lojas da Futurama no centro da cidade. Não eram ambientes muito propícios para crianças da nossa idade, mas era lá que encontrávamos jogos "de verdade" como Pole Position, Ye Ar Kung-Fu, Kung-Fu Master e Ghosts and Goblins.

Já na minha pré-adolescência, e com um Master System tendo substituído o Atari, ainda era no fliperama que encontrávamos os melhores jogos: Shinobi, P.O.W., Double Dragon, Simpsons, Tartarugas Ninjas, E-Swat e Moonwalker. Alguns deles até existiam em versões para os consoles, mas nenhuma era páreo para os originais do arcade. Assim, passávamos horas na Futurama ou na Divertilândia, que possuía máquinas mais antigas como Operation Wolf, Bionic Commando, King of Boxe e Exciting Hour (que conhecíamos como Luta-Livre), gastando nossas economias em fichas.

Foi numa dessas tardes enfurnado na Futurama que um amigo me apresentou um jogo que é até hoje um dos meus favoritos: Golden Axe.

Golden Axe do Arcade

Lançado pela SEGA em 1989, Golden Axe é um beat'em up (ou jogo de porrada, se você preferir) de trama bem simples: Death Adder, que capturou o rei e a princesa de Yuria, está de posse do lendário Golden Axe e pretende tornar-se o supremo governante do mundo. Para enfrentá-lo, três heróis colocam-se no encalço do vilão: o bárbaro Conan Ax Battler, a amazona Tyris Flare e o anão Gilius Thunderhead. Todos tiveram parentes assassinados por Death Adder e buscam, além da libertação do rei e sua filha, vingar-se do tirano.

Minha primeira partida de Golden Axe foi uma vergonha: logo no início, ao testar os controles antes de partir pro quebra-pau, descobri que o meu personagem, além de carregar um machado dourado - que não era o lendário machado de Yuria - do tamanho dele, era capaz de soltar uma magia do trovão. Só que esse poder tinha ido pro saco, pois eu acabara de gastar minha única poção mágica até então...

Depois de deixar para trás os corpos de vários lacaios do Death Adder, dar um passeio no bizarro Chicken Leg, recuperar algumas poções mágicas e tomar uma surra muito grande dos Bad Brothers, amanheceu em Yuria e demos sequência à nossa aventura, tomando um atalho pela Turtle Village. Nessa hora rolou então o meu momento mais tosco jogando Golden Axe: assim que fui passar da terra firme à costa da tartaruga gigante - você achava que Turtle Village era uma vila de criadores de tartarugas? - meu personagem caiu na água. Detalhe: era minha última vida e, para piorar, minha última ficha. Game over.

Para minha alegria, entretanto, descobri no mesmo dia que o jogo existia também para os consoles, ao assistir em VHS a partida que o meu amigo havia jogado na casa de um colega que já tinha o jogo para o Mega Drive. Foi, inclusive, nessa fita do meu amigo que pude conhecer a incrível trilha sonora composta por David Whittaker, pois em meio a todas as máquinas da Futurama era impossível distinguir os sons de um jogo do outro.

Golden Axe no Master System

Como não tínhamos um Mega Drive e a fissura de jogar Golden Axe em casa era tanta, compramos, eu e meus irmãos, a versão do Master System, um impressionante cartucho de 4 Megas! Foi uma decepção, entretanto, ver que o jogo estava limitado à participação exclusiva do bárbaro Tarik, que havia mudado de nome e agora era capaz de soltar as magias do fogo, terra e trovão. Mas apesar disso fizemos aqueles meses sem mesada valerem a pena com as infinitas horas que passamos em frente ao Master System tentando derrotar Death Adder.

Anos depois comprei um Mega Drive, e nele voltei a jogar Golden Axe de verdade: no comando de Gilius Thunderhead, acompanhado de outro jogador. No Mega Drive também conheci as continuações do jogo, mas nenhuma delas era tão boa quanto o original. Aliás, isso é algo que também pode se dizer de algumas versões do jogo, como a do Master System e o remake para o PlayStation 2, lançado em 2003 como parte da coleção Sega Ages 2500, que é infinitamente inferior às versões do arcade e Mega Drive, lançadas quase 15 anos antes.

Você vê que está ficando velho quando coisas que fizeram parte da sua vida no passado hoje têm mais de 20 anos de existência, como é o caso do Golden Axe. Só que apesar do tempo ter passado pra mim, o mesmo não parece ter acontecido com o jogo, pois ele continua tão bom quanto era antes, e não raro me pego jogando-o do início ao fim, várias vezes ao ano.

Isso, pra mim, não se deve aos gráficos bacanas, cenários incomuns (como a Turtle Village e o Fiend’s Path) e à trilha sonora memorável. O mérito do Golden Axe está na sua jogabilidade, pois os personagens são equilibrados, se movimentam de maneira fluida e respondem bem aos seus comandos. O jogo não é extremamente fácil, mas também não te frustra por ser praticamente impossível, como é o caso do Golden Axe III.

Golden Axe no Mega Drive

A prova de que Golden Axe não envelheceu é a sua presença obrigatória nas coletâneas saudosistas que vira e mexe lançam por aí. Bom para os jogadores das antigas como eu, que não ficam sem ter acesso a esse que é um dos melhores jogos de porrada já criados.

Gameplay:



Curiosidades:
  • A primeira aparição do Chicken Leg se deu no jogo Altered Beast, cujo designer foi Makoto Uchida, também responsável por Golden Axe.
  • Fãs do jogo criaram uma prequel não oficial chamada Golden Axe Myth, na qual você pode jogar com Death Adder antes dele se tornar o vilão que aterrorizou Yuria. No site do projeto, além do próprio jogo, você pode baixar também a trilha sonora e as artes conceituais.
  • O primeiro Golden Axe possui duas sequências completamente distintas: Golden Axe II, lançado em 1991 para o Mega Drive, e Golden Axe: The Revenge of Death Adder, lançado em 1992 para o arcade e considerado o verdadeiro sucessor, por dar continuidade à história apresentada no primeiro jogo.

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