29 de julho de 2014

Press Start - The Last of Us


ATENÇÃO: o texto a seguir contém alguns spoilers

Essa história você já ouviu antes: o mundo foi pro saco mas existe uma pessoa que é a esperança de que tudo volte ao normal ou, pelo menos, deixe de ser tão ruim quanto está. Essa pessoa é Ellie; ela foi mordida por um infectado e, por algum motivo desconhecido, não foi afetada pelos fungos que transformam as pessoas em criaturas enfurecidas e deformadas.

Você é Joel, um sobrevivente. Sua missão, como o contrabandista à la Han Solo no qual se transformou, é levar Ellie com segurança até os Fireflies, uma milícia revolucionária que vê na garota uma chance de desenvolver uma cura para o CBI, o fungo parasita que devastou a humanidade.

O jogo começa vinte anos antes, na aurora deste apocalipse, em setembro de 2013. Nos vemos no papel de Sarah, uma garotinha magricela que é acordada no meio da madrugada por um telefonema do tio. Sonolenta, ela cambaleia pela casa à procura do pai, enquanto sirenes ecoam pela vizinhança.

Estes primeiros minutos de jogo são extremamente eficientes para transportá-lo para dentro da tela e deixam claro o que vem por aí: o mundo está acabando e ninguém está a salvo; tão (ou mais) perigosos quanto os infectados são os humanos em seu desespero para sobreviver, custe o que custar.


Dividida em quatro arcos, cada um para uma temporada, a história atravessa o período de praticamente um ano. Nesse tempo Joel e Ellie saem de Massachusetts e chegam a Utah, conhecendo e deixando para trás outros sobreviventes e, principalmente, inimigos nas oito cidades pelas quais o jogo se passa.

O maior desafio de Last of Us não são as hordas de infectados ou as milícias inimigas, mas a falta de recursos para enfrentá-los. Assim, às vezes o melhor é poupar balas e atravessar um prédio em meio à correria e tomando tiros de todos os lados do que dar de cara com um clicker e não ter como se defender.

Uma opção viável para cruzar cenários lotados de infectados, além de um bom molotov, é o já tradicional modo stealth. O problema é que justamente nestes momentos mais tensos os NPCs tendem a entrar em modo suicida, indo se esconder na frente de inimigos que insistem em não detectá-los, mandando a imersão pro espaço.


Diferente de Walking Dead, em que eu realmente me importei com a Clementine, o mesmo não ocorreu com a Ellie. Um dos motivos foi este bug que a tornava invisível aos inimigos humanos. Entretanto, o que mais influenciou foi o fato de que eu simplesmente não consegui me conectar com aquela adolescente geniosa e aparentemente autossuficiente, que a todo momento corria na minha frente para áreas perigosas.

Para um jogador de perfil mais explorador como o meu, o jogo deixa a desejar em um ponto: os cenários fantásticos, que convidam a longas andanças, são extremamente lineares. Os caminhos não oferecem alternativas, e o pouco que se permite desviar é apenas para coletar suprimentos ou itens ligados à história antes de voltar à rota principal. Os próprios NPCs muitas vezes insistem em liderar o caminho, obrigando-o a correr atrás quando uma pausa para admirar a passagem ou procurar algum objeto útil se faz necessária.

Com uma arte belíssima, trilha sonora envolvente, cutscenes ultra detalhadas que se mesclam de maneira "macia" ao jogo propriamente dito e um design de fases equilibrado, The Last of Us é o estado da arte dos jogos para PS3. A história não traz nada diferente do que pode ser encontrado em outros enredos pós-apocalípticos, mas a frequente progressão e mudança de ares dá um ritmo que faz com que longas partidas não sejam cansativas ou repetitivas.

A briguinha entre consoles nunca foi tão besta quanto atualmente, mas se alguém precisa de um bom motivo para escolher entre Microsoft ou Sony, este jogo exclusivo é um que certamente faz a balança pender de forma desigual para o PS3 e, mais recentemente, o PS4.

- Ouvindo: Sharon Van Etten - Serpents

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