Movido pelo ímpeto de comprovar as pesquisas que conduziu para encontrar um lugar no qual estrelas estão mais próximas da Terra, o cientista britânico Lord Boleskine viaja à Nova Inglaterra. O ano é 1834, e o cometa Halley aproxima-se da órbita terrestre.
Pouco tempo depois encontramos o renomado cientista de volta a Londres, internado no hospital St. Andrew para pacientes perigosos. Ele está completamente enlouquecido, dizendo coisas sem sentido, falando em línguas desconhecidas e agindo de forma bastante violenta. Pouco mais de um mês após seu retorno ele é encontrado morto em sua cela, vítima de um ataque cardíaco.
76 anos mais tarde, o jovem astrônomo inglês John T. Parker, com o apoio do editor da British Scientific News, chega ao vilarejo de Illsmouth para documentar o retorno do cometa Halley e investigar as estranhas descobertas que levaram Boleskine à loucura.
Lançado em 1993 pela extinta Infogrames, Shadow of the Comet é uma aventura gráfica de terror inspirado nas obras de H.P. Lovecraft e possui a chancela oficial da Chaosium, editora responsável pelo RPG Call of Cthulhu, traduzido recentemente para o português pelos
O jogo tem um visual bem característico da época, com direito a algumas cutscenes bacanas e outras rápidas animações que destoam um pouco do estilo de arte adotado, mas interessantes mesmo são os closes dados nos personagens durante alguns diálogos, fazendo aquelas figuras em baixa definição ganhar feições conhecidas como as do Vincent Price ou Jack Nicholson.
A versão em CD-ROM conta com diálogos dublados, mas aí mora um dos defeitos mais irritantes do jogo, pois as falas nunca estão sincronizadas com as legendas. Existe a chance de avançar o texto, mas a tecla usada é a mesma para encerrar o diálogo e, em função de uma implementação meio porca, não é incomum você tentar ler a próxima frase para acabar perdendo a conversa inteira!
Diferente das aventuras gráficas da época, nos quais o point-and-click reinava, em Shadow of the Comet toda a ação é comandada pelo teclado. A preguiçosa versão do jogo em CD-ROM também permite o uso do mouse, mas a mecânica é tão ineficiente que acaba induzindo a volta ao teclado.
As ações são poucas: examinar, pegar, usar e conversar. Um problema: em função do uso do teclado, qualquer coisa que você precisa fazer, necessariamente envolverá posicionar o personagem em determinado ponto do cenário. Até mesmo coisas simples, como embeber um algodão em álcool, exige encontrar o local certo.
Os puzzles são lógicos, mas não óbvios. Alguns são bem difíceis, mas a maior dificuldade é o perigo de andar sozinho pelas florestas ou ruas desertas de Illsmouth, pois não faltam pessoas interessadas em interromper a busca de John Parker. Existem aqueles dispostos a ajudar, mas o mal ronda até mesmo os mais altos escalões do pequeno vilarejo.
Apesar de não estar à venda no GOG, ou de ter sido ressuscitado pela galera do DotEmu, não é difícil encontrar o jogo em sites de abandonware. Não é o ideal, mas aqui em Pindorama é mais fácil invocar Cthulhu do que ter acesso a uma cópia original dessa aventura gráfica que, apesar dos problemas, entrou para a lista dos favoritos da casa e é um dos melhores jogos de horror cósmico já feitos.
- Ouvindo: Mariachi El Bronx - Wildfires