19 de maio de 2015

Press Start - I Have No Mouth, And I Must Scream

Press Start - I Have No Mouth, And I Must Scream

Entre 1945 e 1989, a paranoia e a histeria da Guerra Fria levou três potências – Estados Unidos, Rússia e China – a desenvolver supercomputadores capazes de promover uma guerra global. Instaladas em complexos subterrâneos, estas máquinas tomaram conhecimento umas das outras, e uniram-se sob uma única entidade de nome AM.

Alimentados com dados de todas as guerras e atos de violência já ocorridos desde os tempos primitivos, estes supercomputadores foram programados para matar, e colocaram em prática sua diretiva principal, iniciando a Guerra Final que exterminou a humanidade e tornou o planeta inabitável para qualquer outra forma de vida orgânica.

Como um deus louco e dotado de um imenso ódio pelos seus criadores, AM aprisionou em suas entranhas os últimos sobreviventes da espécie humana – quatro homens e uma mulher – que ele mantém vivos para torturá-los em um pesadelo que já alcançou 109 anos de duração.


Inspirado no conto de mesmo nome publicado em 1967, I Have No Mouth, and I Must Scream (Não Tenho Boca e Preciso Gritar) é uma aventura gráfica de ficção científica desenvolvida pela Dreamers Guild em conjunto com o autor Harlan Ellison, que além de auxiliar no design do jogo, também dublou o supercomputador AM.

Lançado em 1995, o jogo é um point-n-click tradicional que segue o padrão de interface das aventuras gráficas da LucasArts, com botões de ação e o inventário sempre visíveis na parte inferior da tela. A diferença fica por conta do "barômetro espiritual", que indica o quanto o personagem está resistindo ou não às investidas psicológicas de AM.

Diferente do conto e de outros jogos com vários personagens, como Maniac Mansion ou Zak McKracken and the Alien Mindbenders, em I Have No Mouth, and I Must Scream não há interação alguma entre os personagens. Cada um é obrigado a se aventurar sozinho em um cenário criado de acordo com suas falhas, medos e remorsos, mas ao final todos participam – individualmente, vale lembrar – da tentativa de destruir o supercomputador.


Diz a lenda que Harlan Ellison queria que o jogo não pudesse ser vencido, mas certamente ele não estava ciente de que em uma aventura gráfica não há ganhador. Há apenas a conclusão de uma história, e nesse ponto I Have No Mouth, and I Must Scream consegue ser muito feliz ao apresentar diferentes finais, baseados nas ações do jogador. O problema é que a implementação é meio ineficiente, e não faltam bugs e dead ends que o obrigam a restaurar savegames ou, em casos mais críticos, reiniciar do zero.

Apesar da arte bacana, da trilha sonora atmosférica e das dublagens eficientes, o ponto forte de I Have No Mouth, and I Must Scream é, obviamente, sua história, que transpira paranoia e temas genuinamente adultos. Isso faz com que o jogo, mesmo cheio de falhas, seja uma boa pedida tanto para os entusiastas das aventuras gráficas quanto para os fãs de ficção científica.

- Ouvindo: The Fresh & Onlys - Animal of One

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