Roger Corman é um figurão do cinema independente de baixo orçamento, e está para os filmes B como Steven Spielberg está para os blockbusters. Com mais de 350 títulos no currículo – a maioria bastante lucrativa – seu lema pode ser definido como "fazer mais por menos".
Nomes importantes da sétima arte, como Jack Nicholson, Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, entre tantos outros, iniciaram suas carreiras em produções de Corman. O mesmo aconteceu com James Cameron, que atuou na direção de arte e efeitos especiais de Battle Beyond the Stars.
Lançado em 1980, Battle Beyond the Stars foi a iniciativa de Corman para capitalizar em cima da febre das space operas iniciada com Star Wars. A produção custou aproximadamente 2 milhões de dólares – uma pechincha comparada aos 11 milhões gastos por George Lucas – e praticamente se pagou só em seu final de semana de estreia.
Apesar de emprestar alguns elementos de Star Wars, como uma arma capaz de destruir planetas, Battle Beyond the Stars é uma versão espacial de Os Sete Samurais (Shichinin no Samurai), de Akira Kurosawa, que não por acaso influenciou também George Lucas com seu A Fortaleza Escondida (Kakushi-Toride No San-Akunin).
Battle Beyond the Stars conta a história do planeta Akir, cujo povo pacífico – os Akira, uma referência nada sutil ao diretor de Os Sete Samurais – se vê diante da ameaça de destruição pelo cruel Sador, o líder dos mutantes Malmori. Sem dominar técnicas de combate ou até mesmo possuir armas e naves de combate, os Akira enviam o jovem Shad à busca de mercenários que possam ajudá-los a enfrentar o tirano.
Cruzando o espaço na nave Nell – que possui seios, de tão feminina – o jovem fazendeiro encontra Nanelia, uma humana que vive isolada em uma estação espacial povoada pelos androides construídos pelo pai; Cowboy, um terráqueo beberrão de fala mansa, interpretado por George Peppard, o Hannibal de Esquadrão Classe A; os entediados clones alienígenas Nestor, uma consciência coletiva interessada em embarcar em uma aventura; o bandido exilado Gelt, que só deseja viver em um lugar onde não seja procurado, interpretado por Robert Vaughn em um papel bem semelhante ao que fez em Sete Homens e um Destino, a versão faroeste de Os Sete Samurais; o reptiliano Cayman, que deseja vingar-se de Sador pela destruição de seu planeta; a voluptuosa
Battle Beyond the Stars é um filme ruim, mas não do tipo "tão ruim que fica bom". Os efeitos especiais são toscos, mas não tanto assim, e em alguns momentos são até bastante eficientes; as atuações também não são péssimas como era de se esperar; a trilha sonora composta por James Horner é tão boa que acabou reutilizada depois em Star Trek II: A Ira de Khan; a história é bem simples e direta, sem muitos elementos estranhos, e os diálogos, em sua maioria, não soam bizarros ou exagerados. O que estraga o filme é a edição, que o deixa meio confuso em alguns pontos, por cortar elementos da história, e lento até mesmo para o padrão da época.
Roger Corman, antes de tudo, é um homem de negócios, e o título da autobiografia que lançou em 1998 – How I Made a Hundred Movies in Hollywood and Never Lost a Dime – não me deixa mentir. A importância do produtor e diretor é inegável, mas o maior legado que ele talvez tenha deixado seja a ideia de que os filmes têm que ser feitos com o foco
Trailer
- Ouvindo: BRONCHO - Class Historian