Passaram-se 30 anos desde que os Portões do Inferno foram fechados por Krispinus e seus companheiros. Na época, o herói recentemente consagrado Deus-Rei promoveu um acordo com os reinos de Nerônia, Santária e Dalínia para proteger o Fortim do Pentáculo e assim evitar uma nova invasão de demônios como a que devastou Reddenheim e Blakenheim.
Mas o mundo de Zândia não está em paz. Ao norte da Krispínia, na Faixa de Hurangar, exércitos enfrentam-se em batalhas sem fim por territórios, e a guerra contra os elfos insurgentes na Caramésia não tem previsão de acabar. Entretanto, a ameaça que promete jogar o mundo em uma era de trevas vem dos svaltares, os elfos do reino subterrâneo Zenibar, que marcham rumo ao Fortim do Pentáculo para reabrir os Portões do Inferno.
O Deus-Rei conclama seus vassalos a honrar o acordo assinado 30 anos antes, mas a esperança recai no ombro de seis anti-heróis unidos pelo acaso e com uma leve ajudinha do misterioso Ambrosius: Baldur, um jovem cavaleiro desertor de um exército de mercenários após uma batalha perdida na Faixa de Hurangar; Od-lanor, um estranho bardo da raça dos adamares; Derek Blak, um vaidoso guerreiro da devastada Blakenheim, condenado à morte por dividir a cama com a esposa de um rico mestre-mercador; Kyle, um garoto órfão, morador de rua, preso ao arrombar a casa de um magistrado; Kalannar, um assassino svaltar; Agnor, o arquimago-geomante exilado de Korangar, a Nação-Demônio.
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Os Portões do Inferno é o primeiro livro de André Gordirro, jornalista que já tem vários títulos no currículo como tradutor. O volume, publicado pela Editora Rocco através do selo Fábrica 231, é o primeiro da série Lendas de Baldúria, porque essa coisa de lançar livros que não façam parte de uma trilogia está meio fora de moda.
Diferente de autores que gastam tempo em longas e detalhadas descrições de locações e personagens, Gordirro vai mais direto ao ponto, focando principalmente na trama. O autor até que desenvolve algumas histórias e lendas sobre lugares e povos de Zândia, mas é econômico ao apresentar os personagens. Se por um lado isso é bom, pois dá ao livro um ritmo mais dinâmico, por outro é ruim quando você fica curioso para saber mais sobre aqueles caras – praticamente não há mulheres na história – que está acompanhando.
O mundo criado pelo autor tem forte influência dos RPG's de fantasia medieval tolkieniana, com direito a elfos (alfares), anões, mortos-vivos e até mesmo kobolds, a espécie de criatura que todo aventureiro iniciante já teve que
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Acostumado a autores estrangeiros e traduções sóbrias, confesso que estranhei, a princípio, a presença de alguns termos e nomes tipicamente brasileiros. Mas isso não atrapalha e, de fato, seria algo até difícil de dissociar do estilo irônico e sacana do autor, que conseguiu escrever um livro bem divertido, daqueles impossíveis de largar.
Para um jogador de RPG aposentado, Os Portões do Inferno tem um "defeito" grave: ao ler as aventuras de Kalannar e companhia, bate aquela vontade de juntar um bando de malucos, montar fichas e passar a noite afora rolando dados, enfrentando hordas de monstros e acumulando tesouros.
Quem se interessou pelo livro pode encontrá-lo na Amazon (incluindo a versão Kindle), Submarino e coisa e tal.
- Ouvindo: Jim Guthrie - Difference A Day Makes