15 de maio de 2017

De Volta a Twin Peaks - Segunda Temporada, Episódio 8

De Volta a Twin Peaks - Segunda Temporada, Episódio 8

Aconteceu novamente: o assassino de Laura Palmer fez outra vítima. Aconteceu novamente e nós fomos testemunhas; assistimos, sem firulas, à loucura e à violência às quais Maddy Ferguson foi submetida. Aconteceu novamente e, pela primeira vez nesse jogo de descobrir quem é o assassino, estamos à frente de Dale Cooper.

Escrito por Scott Frost - irmão de Mark Frost - e dirigido por Caleb Deschanel, este oitavo episódio de Twin Peaks muda o foco da investigação para o assassino. Acompanhamos Leland/BOB desde o início do dia, quando ele recebe a visita do casal picolé de chuchu Donna e James. Em todos os momentos seguintes, o pai de Laura é o que já estávamos acostumados a ver: um cara excêntrico, mas inofensivo.

Entretanto, sabemos que de inofensivo Leland/BOB não tem nada, e isso causa uma certa tensão quando o vemos, por exemplo, brandir um taco de golf às costas de Cooper. Tenso também é o momento imediatamente anterior a esse, quando o assassino tenta - sem sucesso - mostrar ao agente o seu conjunto de tacos de golf, armazenados no mesmo saco em que guardou o corpo de Maddy.

Há quem argumente que BOB não é real e que sua existência não passe de um artifício utilizado por Leland e Laura para diminuir o terror de um pai molestando a própria filha, mas o fato é que Leland e BOB habitam o mesmo corpo. Seja possessão demoníaca ou psicose, nunca sabemos quem está no comando; ou melhor: de vez em quando sabemos quando BOB está presente, pois ele é infantil como um vilão que torce o bigode assim que o detetive vai embora sem capturá-lo, mas nunca sabemos se estamos diante de Leland, fruto da boa construção do personagem e, obviamente, do excelente trabalho de Ray Wise.

De Volta a Twin Peaks - Segunda Temporada, Episódio 8

Com o fim do mistério que norteou a série até aqui, novas tramas ganham - e precisam ganhar - espaço, mas elas não são, nem de longe, tão interessantes: na cadeia, Benjamin Horne descobre - com a ajuda de uma aparição, no mínimo, incomum de Pete Martell - que Catherine Martell está viva e pretende ajudá-lo com um álibi, desde que ele lhe devolva a Serraria Packard.

Em paralelo, Bobby Briggs arma o plano definitivo para ter uma boa vida ao lado da bela Shelly Johnson: chantagear o figurão Ben Horne com a fita que encontrou na bota de Leo Johnson. Outras histórias, como a visita da mãe de Norma ou a gravidez de Lucy, simplesmente não despertam interesse. Pelo menos, nesse episódio, a participação de Donna e James não passa da cena inicial, e somos poupados do chatíssimo drama do casal teen.

De Volta a Twin Peaks - Segunda Temporada, Episódio 8

O episódio vai chegando ao fim com o assassino ainda à solta e Benjamin Horne sob custódia da polícia. Jerry Horne, atuando como o pior advogado do qual se tem notícia, mas como um excelente alívio cômico, só piora as coisas para seu irmão, que acaba formalmente acusado pelo assassinato de Laura Palmer. Cooper, entretanto, não está tão certo de que pegou o verdadeiro culpado; o mesmo não pode se dizer de Harry, que tem convicção de ter prendido o homem certo.

Já são 23h05, segundo Cooper, e o agente especial do FBI grava o seu habitual registro para Diane, quando alguém bate à porta do quarto: é Audrey Horne. Ela quer saber se ajudou na prisão do pai, quer confirmar se ele foi o real culpado, quer contar o que passou no One-Eyed Jack’s... Um telefonema, entretanto, interrompe a conversa: aconteceu novamente.

De Volta a Twin Peaks - Segunda Temporada, Episódio 8

Talvez este episódio - que termina como o piloto começou, com a localização de um corpo envolto em plástico às margens do rio - não seja um dos mais importantes ou dos mais memoráveis, pois a história principal não anda muito, mas ainda assim é um dos melhores da série, com bons diálogos e - coisa rara nesse elenco repleto de canastrões - excelentes interpretações.

- Ouvindo: Joy Division - Atmosphere

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