Quando a Base Starkiller obliterou Coruscant, o centro de poder da Nova República, a Primeira Ordem passou um recado simples e direto à galáxia: "Agora quem manda nessa bagaça somos nós!"
Mas a
Star Wars: Os Últimos Jedi constrói-se a partir da perseguição da frota da Resistência pela Primeira Ordem. É como em Battlestar Galactica, trocando os Cylons, robôs que parecem humanos, por Stormtroopers, humanos que parecem robôs.
Em paralelo, acompanhamos Rey, a heroína do filme anterior, na aguardada companhia de Luke Skywalker, e o iminente e inevitável encontro da garota com Kylo Ren, o eterno adolescente, e seu mestre Snoke, um fã da cor vermelha.
O filme, à primeira vista, não parece muito Star Wars, mas os elementos chave estão lá: batalhas espaciais (e em terra), lutas com lightsabers, dróides, espécies alienígenas das mais variadas, salas de guerra e o obrigatório mumble jumble a respeito da Força. O humor, para desgosto de muitos, também dá as caras, mas nada é forçado ou remotamente parecido com um gungan fazendo (ou pisando na) merda.
Star Wars: Os Últimos Jedi tem 2 horas e 32 minutos de duração, mas está longe de ser cansativo como a primeira metade de Rogue One. O mérito disso está na edição feita por Bob Ducsay, que costurou bem as tramas paralelas e manteve o ritmo, mesmo quando ele seria quebrado por uma completa troca de contexto. Existem, obviamente, algumas cenas desnecessárias e o filme sofre um pouco com alguns diálogos excessivamente expositivos, mas não é nada que atrapalhe.
Fãs que, em suas cabecinhas criativas, criaram um filme ideal, que validaria todas suas teorias e sanaria suas dúvidas, estão saindo do cinema frustrados, pois o diretor e escritor Rian Johnson fez a coisa mais acertada de todas: subverteu essas expectativas. Há um pequeno nível de fan service, mas ele não domina a narrativa como em O Despertar da Força, também conhecido como o remake de Uma Nova Esperança.
Quem são os pais da Rey ou qual é a origem do Snoke? Não importa. Se algum dia importar, a Disney contará essas histórias em um livro que a maioria desses fãs não vai ler.
"Ah, mas esse Luke não é o Luke que eu conheço!" - reclamam (e continuarão reclamando indefinidamente) outros fãs. Se eu não sou o mesmo Gustavo que ontem, por que o Luke Skywalker de agora tem que ser o mesmo que explodiu a Estrela da Morte há mais de 30 anos?! A vida segue...
Eu, que cheguei à pré-estreia em São Paulo com minhas expectativas a respeito do filme bem baixas - um trauma não superado da Trilogia Prequel, devo confessar - gostei do filme. Estranhei um pouco, a princípio, mas gostei.
Ao assistir da segunda vez, gostei mais ainda e agora entendo porque o Rian Johnson virou um queridinho da Disney, a ponto de ser convidado para tocar uma nova trilogia de Star Wars: é preciso deixar o passado para trás, e ele já mostrou disposição para isso.
- Ouvindo: Courtney Barnett & Kurt Vile - Over Everything