“(...) the world is indeed comic, but the joke is on mankind.”
- H.P. Lovecraft
Jeff é um cara comum, preso a um emprego desmotivante em uma empresa de cestas de presentes. Seu melhor amigo, Charlie , trabalha como ilustrador no mesmo local, mas - ao menos - tem um sonho: publicar suas próprias histórias em quadrinhos.
Tudo corre de forma normal - e entediante - na vida de Jeff até o momento em que ele descobre ser o último membro da linhagem de H.P. Lovecraft, e tudo que ele escreveu é real. Como os astros estão alinhados, cabe ao desavisado/despreparado/desmotivado Jeff evitar que o Culto de Cthulhu, liderado pelo Star Spawn, traga R'lyeh de volta à superfície, libertando Cthulhu de seu sono eterno.
Como os conhecimentos de Charlie a cerca dos Mitos de Cthulhu não são suficientes, eles procuram a ajuda do über nerd Paul, e o trio parte - por sua vez - em busca do Capitão Olaf, o único sobrevivente de um encontro com um Deep One, outra criatura marinha bastante familiar aos leitores de Lovecraft.
The Last Lovecraft: Relic of Cthulhu é um filme de comédia que utiliza elementos da mitologia criada por Lovecraft para contar uma típica história do herói improvável diante do desafio de salvar o mundo. O filme foi dirigido pelo estreante Henry Saine, de Caçadores de Recompensa, uma espécie de "Mad Max com Kill Bill", e o roteiro é de Devin McGinn, que também interpreta o papel de Charlie.
Apesar do tom irônico permear grande parte dos diálogos, The Last Lovecraft está longe de ser um filme super engraçado. As piadas e referências nascem, em sua maioria, da obra de Lovecraft e do que pode ser classificado como "humor nerd", mas muitas delas também são feitas sobre os nerds.
Por ser uma produção de baixo orçamento, os efeitos especiais são - como esperado - limitados, para não chamar de toscos, e as fantasias parecem ter sido reaproveitadas de um tokusatsu, embora o diretor tenha conseguido extrair algumas (poucas) cenas boas com as criaturas que são, normalmente, fonte de humor involuntário.
Mesmo com toda a complexidade que o horror cósmico de Lovecraft traz, o enredo do filme é bem simples e direto. Por conta disso, os personagens - diferentemente do que se vê em obras de terror - não perdem tempo por conta de escolhas erradas; eles até fazem das suas trapalhadas, pois este é um filme de comédia, mas estão sempre seguindo em frente, o que garante um bom ritmo.
The Last Lovecraft é um típico - e sincero - filme B, com atores... esforçados. Fãs de Lovecraft mais fundamentalistas podem até torcer o nariz para a abordagem humorística, mas é perceptível o fato de que Devin McGinn escreveu essa história para eles, pois ele mesmo é um entusiasta da obra do escritor de Providence.
Por ter apenas 78 minutos de duração, The Last Lovecraft é uma boa pedida para aquele momento de tédio, quando você "não tem nada para fazer", apesar de todos os livros para ler, jogos para terminar e séries (ou filmes) para assistir. Não é o melhor filme lovecraftiano que já existiu, mas diverte e - ao menos - possui uma das cenas mais criativas envolvendo uma criatura criada por Lovecraft, na qual vemos Cthulhu - em uma sequência animada - arrancar a cabeça de um tricerátops para empalar um Shoggoth.
Trailer
- Ouvindo: Wooden Shjips - Already Gone