Sebastião Love foi encontrado morto em sua suíte no prestigiado Hotel Lisboa, vítima de 14 facadas nas costas. A polícia suspeita de suicídio, mas o Agente Garcia acaba convocando o Inspetor Zé e seu fiel escudeiro, o Robô Palhaço, para solucionarem o mistério.
Lançado em 2014, Crime no Hotel Lisboa - ou melhor: Inspector Zé e Robot Palhaço em Crime no Hotel Lisboa - é uma aventura gráfica desenvolvida pela Nerd Monkeys, um estúdio de desenvolvimento de jogos baseado em Lisboa, fundado pela dupla Filipe Duarte Pina, um dos sócios fundadores da Seed Studios (desenvolvedora de Under Siege, para o PlayStation 3), e Diogo Vasconcelos, dono da PressPlay, uma loja de colecionáveis e videogames localizada na cidade do Porto.
Como muitas aventuras gráficas recentes, Crime no Hotel Lisboa tem um visual retrô, com gráficos pixelados - a resolução nativa do jogo é de 256x192 - e claramente inspirados em jogos como Day of the Tentacle e Full Throttle. A mecânica é a tradicional point-and-click, com as ações sensíveis ao contexto do alvo: objetos permitem examinar ou interagir (pegar, usar), enquanto NPC's permitem examinar, dialogar, interrogar ou iniciar sidequests.
Por conta de um trailer muito bem editado, a impressão que se tem é a de um jogo dinâmico que explora várias locações de Lisboa. A realidade, entretanto, é outra, pois os cenários são poucos e quase nada referentes à capital portuguesa, e o ritmo é bem lento até mesmo para uma aventura gráfica. Para piorar, a mecânica é bem repetitiva, pois tudo que você faz é andar lentamente por aí interrogando suspeitos.
Diferente de uma aventura gráfica tradicional, em que você coleta praticamente todos os itens que encontrar pela frente, na expectativa de utilizá-los na solução de algum puzzle, em Crime no Hotel Lisboa estas mesmas tranqueiras acumuladas pelo personagem são usadas nos tais interrogatórios, que funcionam da seguinte maneira: você escolhe o interrogador (Inspetor Zé ou Robô Palhaço); a cada round - um interrogatório dura, normalmente, três rounds - você seleciona um item e uma pergunta; caso a combinação de interrogador + item + pergunta tenha sido correta, o interrogado solta o bico.
A trama principal de Crime no Hotel Lisboa é curta, cheia de clichês e um pouco enfadonha. Menos interessantes ainda são as sidequests, todas também resolvidas através de interrogatórios incessantes e cansativos. Interessante, entretanto, é o fato de que apenas uma dessas sidequests pode ser conduzida em paralelo à investigação principal; as demais são disponibilizadas em sequência, como os atos de um enredo maior.
Um dos alicerces do jogo é o humor, mas ele não funcionou muito bem comigo. Para falar a verdade, a maioria das piadas são fraquinhas e muitas vezes forçadas, como a insistência do Robô Palhaço em quebrar a quarta parede ou a chatice mostrar uma plateia rindo do que deveríamos considerar engraçado.
Além do modo de jogo principal, Crime no Hotel Lisboa conta com um minigame em que você comanda o Palhaço Robô em um show de comédia, com uma mecânica simples, que consiste em acertar a punchline correta das piadas em um curto período de tempo. Um medidor indica o grau de satisfação da plateia, e basta um único erro para que ele seja zerado. Dependendo da pontuação e combos enfileirados, alguns achievements são desbloqueados e fica por isso mesmo.
Diferente do que eu esperava, Crime no Hotel Lisboa não me agradou muito. De ponto positivo, o jogo traz uma trilha sonora bacana, apesar de muito repetitiva, e um estilo gráfico cartunesco que remete bastante a Day of the Tentacle, como eu já havia dito antes. De negativo, um ritmo lento, uma jogabilidade cansativa e muito repetitiva, baseada principalmente nos puzzles de interrogatório que você pode resolver apenas na tentativa e erro.
Uma pena que o produto final não faça jus ao trailer divulgado, pois aquele jogo eu, provavelmente, teria gostado mais.
Gameplay
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