21 de agosto de 2018

Press Start - Deadly Premonition: The Director's Cut

Press Start - Deadly Premonition: The Director's Cut

Essa história começa com uma garota morta. O crime, que chocou os peculiares habitantes de uma pequena cidade do noroeste americano, traz semelhanças com outros ocorridos fora do estado e, portanto, a investigação fica a cargo do FBI, representado por um jovem agente igualmente excêntrico.

Twin Peaks? Não...


Bem-vindo a Greenvale

Deadly Premonition é um survival horror que coloca o jogador no papel do agente Francis York Morgan, o agente do FBI incumbido da tarefa de solucionar a morte da jovem Anna Graham, vítima do que parece ser um assassinato ritualístico.

A investigação conta com a colaboração da polícia local de Greenvale, representada pelo xerife turrão George Woodman e dois de seus assistentes, Emily Wyatt - que lembra bastante Naomi Watts - e Thomas MacLaine.


Pontos fortes: comunicação e trabalho em equipe

Desenvolvido pela japonesa Access Games, o jogo nasceu em 2004 com o nome de Rainy Woods. O título seria lançado em 2008 para PlayStation 2 e Xbox, mas o projeto foi cancelado em 2007, logo após a divulgação do seu trailer na Tokyo Game Show daquele ano.

Alguns dizem que o motivador para o cancelamento de Rainy Woods foi a necessidade de refazer o jogo de forma a deixá-lo menos parecido com Twin Peaks, enquanto outros apontam o baixo orçamento, aliado às dificuldades técnicas provocadas pelas diferenças entre as arquiteturas de ambos os consoles, como o verdadeiro impedimento para a conclusão do projeto.

Renascido como Deadly Premonition, o jogo chegou ao PlayStation 3, Xbox 360 e PCs em 2010; uma “versão do diretor” foi lançada em 2013, expandindo um pouco a história e trazendo, entre outras mudanças, melhorias nos gráficos e controles, o que não quer dizer muita coisa, de tão… rudimentar é o título, até mesmo para os padrões de 2008, quando seria, originalmente, publicado.


Utini!

Diferente de outros títulos do gênero survival horror, Deadly Premonition é um jogo de mundo aberto. A investigação, embora envolva conversar com suspeitos e testemunhas espalhados pela cidade, no fim resume-se a visitar algum lugar infestado - em uma dimensão paralela - por zumbis e ali coletar provas.

Estes lugares, que também são frequentados pelo misterioso Raincoat Killer, um cosplayer de jawa que insiste em tentar matar York sempre que o vê pela frente, variam de um museu de arte a um hospital, por exemplo, mas não passam - no fim das contas - de grandes e, por muitas vezes, cansativos corredores, como na maioria dos títulos de survival horror.


Qualquer semelhança com Twin Peaks não é mera coincidência

Deadly Premonition, ao menos na versão do diretor, não é um jogo difícil. O que complica a vida do jogador são os controles ruins - é impossível mirar em uma criatura quando ela está perto demais - e os quick time events toscos. Elementos “rpgísticos” como a necessidade de manter York alimentado, descansado e limpo, por exemplo, não acrescentam em nada além de um ímpeto à acumulação.

Além de seguir a história principal, o jogador tem à sua disposição algumas side quests disparadas no diálogo com os NPCs. O problema é que, como todos os elementos chaves da história principal, esses diálogos precisam ser feitos em determinados lugares e horários. Fora dessas janelas de tempo/lugar, nada de muito interessante acontece e o maior risco que se corre é cair no tédio, pois não é raro chegar ao ponto em que tudo que se tem que fazer é… esperar o tempo passar.


Um jogo de mundo aberto

A história principal sobre o assassinato de Anna, o folclore em torno do Raincoat Killer e os diálogos são interessantes. A dublagem também ajuda bastante, mas as animações bizarras, exageradas e repetitivas dos personagens, somadas à trilha sonora muitas vezes desconexa, derrubam o que se imagina ser o clima de mistério que o jogo pede.

Do ponto de vista dos gráficos, Deadly Premonition é, como já disse, bem rústico e de uma limitação atroz e incompatível com o que se via no PlayStation 3 ou Xbox 360. Fosse o jogo um filme, ele estaria no nível trash de Plan 9 From Outer Space, mas sem o humor involuntário.


Perseguindo um suspeito... a pouco mais de 30 Km/h!

Hidetaka Suehiro mirou alto com Deadly Premonition, mas é visível que o baixo orçamento pesou no resultado final. Não é difícil perceber que existe ali alguma qualidade e até mesmo arte, mas elas acabam escondidas sob as camadas de uma pobre execução.

Embora muitos conheçam meu entusiasmo com Star Wars, minha maior obsessão é Twin Peaks. Como Deadly Premonition rouba pega emprestado muitos elementos da série, o jogo entrou no meu radar por esse fato, mas está sendo meio difícil de animar a completá-lo em função de todos os seus problemas técnicos.

Como sou meio masoquista, é provável que eu vá até o final, não é Zach?

Gameplay



- Ouvindo: Stephen Malkmus and the Jicks - Cast Off