Eu estava na entrada da toca do coelho quando passei a participar da comunidade do RPG Solo no Facebook, mas só segui o Coelho Branco buraco abaixo quando ele se apresentou como Trevor Devall e, logo na introdução do seu primeiro vídeo, explicou que iria, basicamente, mestrar para si mesmo com o auxílio de um emulador de Mestre de Jogo.
Corri atrás do tal Mythic Game Master Emulator que ele havia citado e, lendo a mecânica proposta pela Tana Pigeon, convenci a Fernanda a testá-la comigo em uma aventura de Cthulhu Dark inspirada no caso da contaminação química de uma cervejaria daqui de Belo Horizonte.
De uma forma hiper-mega-maxi-resumida, o Mythic Game Master Emulator — que eu vou chamar só de Mythic daqui pra frente — funciona da seguinte forma: sempre que o jogador deseja saber alguma coisa, ele formula uma pergunta a ser respondida como “Sim” ou “Não” e rola na Fate Chart, que é basicamente uma tabela de probabilidades. Caso o valor rolado esteja abaixo da probabilidade, a resposta é “Sim”; caso contrário, a resposta é “Não”.
O Chaos Factor — uma espécie de índice do quão no controle da situação está o personagem — também pesa no resultado das consultas à Fate Chart, mas seu principal impacto se dá quando aumenta as chances de que o rumo da história seja alterado com eventos totalmente aleatórios e imprevistos, gerados quando atingidas determinadas condições.
Como a probabilidade de se ter um “Sim” como resposta é muito grande, eu eu formulava as perguntas de forma que elas favorecessem a narrativa que eu queria construir, de horror cósmico e tudo mais; a Fernanda, por sua vez, já puxava mais para o “mundo real”. No meio disso tudo, o Mythic nos tirava dos trilhos com seus eventos aleatórios e alterações ou interrupções de cenas.
Depois da primeira partida, ficou muito claro que meu lado de Mestre de Jogo ainda pesava muito. Por conta disso, na segunda sessão meu personagem foi transformado em NPC, e seguimos dali comigo no papel de Guardião e a Fernanda comandando sua investigadora por uma história de sabotagem patrocinada por um cultista milionário que termina como pré-candidato a prefeito da cidade.
O Mythic poderia ter sido utilizado até o fim, como um apoio para o caso de eu querer planejar menos os rumos das nossas partidas, mas seguimos só com o minimalismo do Cthulhu Dark. Entretanto, em paralelo eu usei o emulador de mestre para criar a história de um importante NPC, mas isso eu conto em outra hora.
- Ouvindo: Dobranotch - Du Hast