9 de dezembro de 2014

Comic Con Experience 2014


Aproveitando o feriado na segunda e com algumas horas extras para compensar, partimos rumo a São Paulo para conferir a primeira Comic Con Experience (CCXP).

Desde o início da divulgação, o evento não me interessava muito. Parei de ler quadrinhos de heróis há algum tempo, detestei o filme d'Os Vingadores e abomino a nova trilogia do Peter Jack$on. Certamente eu não estava no público alvo do evento, mas em função do tamanho alardeado, acabamos comprando ingressos para sexta e sábado.


Sem saber muito do que havia rolado no primeiro dia de evento, saímos cedo na sexta, com medo do caótico trânsito paulistano. Para nossa surpresa, o caminho estava tranquilo e chegamos rápido ao São Paulo Expo, o antigo Centro de Exposições Imigrantes.

Por estarmos de posse apenas dos ingressos comprados pelo site, tivemos que trocá-los na bilheteria. A fila estava rápida e bem organizada, contrariando as expectativas. Diferente do informado por e-mail, entretanto, só pudemos trocar as entradas do próprio dia, mas estava tudo bem, já que no dia seguinte encontraríamos mesma eficiência, certo?

Entregues os livros e com os ingressos na mão, era hora de encarar outra fila, desta vez para entrar. Novamente outro exemplo de organização, e em pouco tempo estávamos cruzando as catracas principais.


Como nada da programação de sexta nos chamou atenção, já que o papo com Timothy Zahn aconteceria em um horário até cedo, mas além da minha tolerância, o jeito foi rodar pelo centro de convenções.

Grandes players do entretenimento estavam presentes: a Fox, com um divertido estande onde você podia atirar em zumbis de The Walking Dead ou posar para uma foto com o Homer Simpson em sua sala de estar, a Warner, com um gigantesco e bizarro espaço onde a única coisa que prestava era um Batmóvel da antiga série de TV, e a Disney, com o estande mais insosso de todos, apesar de ser dona da Marvel, Star Wars e coisa e tal. Se não me engano a Sony também estava com um estande no evento, mas foi algo tão inexpressivo que passou batido.

A presença mais forte, entretanto, foi dos colecionáveis. Estiveram lá a Sideshow Collectibles, com o protótipo do DeLorean em escala 1:6, a Kotobukiya e a Bandai, mas o que mais impressionou foi a quantidade massiva de lojas vendendo estatuetas e action figures, cujos estandes atraíam hordas de colecionadores ávidos por pagar o preço tabelado pela Piziitoys.


Em meio a tantos colecionáveis, lançamentos de filmes e séries de TV, partidas de games, subcelebridades internéticas e o escambau, ainda era possível - veja só! -encontrar histórias em quadrinhos. A onipresente Comix fez a festa de quem quis desfrutar do seu acervo sem depender do sofrido atendimento do site, e a Panini parece ter aprendido a lição do FIQ, montando um estande de verdade.

Isolados no canto mais escuro do centro de convenções, próximos à saída, ficaram os artistas dos quadrinhos. Filas de caçadores de autógrafos abarrotavam os corredores, mas estes artistas - as verdadeiras estrelas de um evento com "quadrinhos" no nome - mereciam um espaço melhor e de mais destaque.


Não sei dizer quanta gente apareceu na sexta, mas estava bem tranquilo de curtir o evento, com o público espalhado pelo amplo centro de convenções. Pequenas filas se materializavam em algumas lojas, nada de mais, e a espaçosa praça de alimentação estava vazia. Até mesmo os banheiros podiam ser utilizados em condições civilizadas.

Sábado, entretanto...

Para começo de conversa, não era feriado em São Paulo, para todo mundo descer em direção ao litoral, mas o grande fluxo de gente indo para a CCXP provocou um engarrafamento significativo na Rodovia dos Imigrantes. O trajeto que fizemos em 20 minutos no dia anterior demorou pouco mais de 1 hora. Nem mesmo o taxista ficou feliz com a situação.

Chegando à entrada do São Paulo Expo, antes mesmo do acesso ao estacionamento, um espanto: a fila para troca dos ingressos terminava ali. Era uma fila que andava rápido, mas demoramos mais outra hora sob o sol forte do sábado para entrar na área da bilheteria! Tá certo que muito nerd anda meio pálido, mas forçar a galera a se bronzear assim é sacanagem...


Como já havíamos visitado os estandes mais interessantes na sexta, para o sábado nos restou assistir aos painéis no auditório. A ideia era, pelo menos, conferir o Sean Austin, só que esta tarefa já estava fadada ao fracasso desde o início, pois só conseguimos entrar no centro de convenções pouco depois das 12h30, a ponto apenas de encontrar outra gigantesca fila.

Quando mais da metade do papo com o ator de Goonies e Senhor dos Anéis já havia rolado, desistimos de vez e fomos almoçar. O que encontramos? Mais filas, e cada uma com centenas de pessoas! Não existe comida no mundo - ainda mais um sanduíche do Bob's ou uma massa do Spoletto - que me faça enfrentar fila. Nem de graça, o que não era o caso, obviamente.

Com os corredores entre os estandes entupidos de gente, um calor insuportável e sem nada que justificasse tamanho masoquismo de querer ficar ali por mais um minuto, fomos embora. Ou melhor: enfrentamos outra muvuca/pseudo-fila para sair do local.


Não dá para dizer que o pessoal do Omelete não fez um bom trabalho em organizar um evento deste tamanho. Por ser o primeiro, é claro que tem muitas coisas para melhorar, mas não deixa de ser interessante como em um único final de semana foi possível ter duas experiências completamente diferentes, da civilidade e organização de sexta ao caos enfileirado do sábado.

"Vai ser ÉPICO", bradavam os canais oficiais de divulgação do evento nas semanas que o antecederam. Tendo atraído cerca de 20.000 pessoas no sábado, pelo que ouvi dizer, realmente o público foi épico. Só que épicas também foram as filas. Mais épica ainda foi a mancada de sequenciar os painéis em um único auditório, incentivando os espertinhos e afobados a não saírem do lugar, impedindo outras pessoas de entrar.

Já está confirmado: ano que vem tem mais. Só que a experiência que eu tive não me deixa com a menor vontade de voltar. Me senti velho para essas coisas, mas não tão velho a ponto de querer entrar em uma fila apenas para puxar papo. E se é para enfrentar uma fila, que seja a de um museu para conferir uma exposição fantástica como a do Ron Mueck, em cartaz até fevereiro de 2015 na Pinacoteca do Estado de São Paulo, por apenas R$ 6,00.

- Ouvindo: Savages - City's Full

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