31 de agosto de 2015

Chá de VHS - Escape from Galaxy III

Chá de VHS - Escape from Galaxy III

Você já ouviu essa história antes: nos confins do espaço, um tirano – o cruel Oraklon, uma espécie de Imperador Ming na versão drag – ameaça dominar a galáxia, munido de uma arma capaz de destruir planetas.

O vilão invade os limites do planeta Exalon, mas o pacífico Rei Ceylon, se recusa a colocar o plano Epsilon em ação, e envia o valoroso guerreiro Lithan e sua filha, a Princesa Bella Star, em uma perigosa missão ao planeta aliado Antares, do qual espera obter ajuda.

Como é de se esperar, o maligno Rei da Noite destrói a estação espacial onde o manso Ceylon termina seu reinado transformado em cinzas, e por fim oblitera o praticamente inofensivo Exalon com um bombardeio de foguetes de vapor de urânio. Bella Star e o fiel Lithan conseguem fugir a tempo, mas sua nave é danificada no combate e a dupla acaba caindo na Terra.


Os primitivos habitantes da Terra, que não passam de um bando de hippies trajados em econômicas togas gregas, recebem os visitantes do espaço com pedras e lanças, mas são rechaçados pela tecnologia avançada dos exalonianos. Estes, por sua vez, esquecem-se de tentar consertar sua nave e resolvem explorar o planeta, para acabar finalmente capturados e condenados à morte pelos nativos.

Um ato de heroísmo do indômito Lithan leva os terráqueos, os remanescentes de uma guerra atômica que assolou o planeta, a aceitarem os visitantes em sua vila decorada pelo Bob Esponja. Uma vez trajados (ou despidos) de acordo, o guerreiro e a princesa enturmam-se com os nativos, e acabam provando dos "prazeres da vida que os levam à perda da imortalidade": bebida, comida e sexo.


Escape from Galaxy III, com toda a pegação desenfreada em meio à natureza, está mais para um clone de A Lagoa Azul do que de Star Wars, mas o fato de reutilizar descaradamente (e repetidamente) as cenas de batalha espacial de Starcrash faz com que esse autêntico trash italiano seja mais um, mesmo que de forma comedida, a tentar surfar na onda das space operas criada por George Lucas.

Como um bom softcore – o título original, Giochi Erotici Nella Terza Galassia, não me deixa mentir – ou qualquer série da HBO, qualquer coisa é motivo para a safardanagem rolar solta. Até mesmo a fuga final permite uma rapidinha básica, cena à qual o vilão assiste da sua nave.


O ponto forte de Escape from Galaxy III – se é que realmente exista alguma coisa que preste ali – é o roteiro completamente absurdo do filme, com direito aos diálogos mais bisonhos e nonsense da galáxia:

– Princesa: Não queremos envolvê-los em nossa batalha contra o Rei da Noite! Se partirmos agora, ele nos seguirá e os deixará em paz.
– Líder da Tribo: Se o que você diz é verdade, não podemos deixá-los partir. Precisamos de vocês e seus poderes sobrenaturais para nos defender.
– Princesa: Mas você estava certo em querer nos expulsar! Assim que sairmos, vocês não estarão mais em perigo. Deixe-nos partir!
– Líder da Tribo: Não! Nunca!

Não é de se espantar que o filme, lançado no ano seguinte à estreia de O Império Contra-Ataca, tenha sido um fracasso de bilheteria, pois ele consegue ser mais tosco que Starcrash, do qual virou sequência ao ser lançado na como Starcrash II em alguns países.

Para não sair no prejuízo, os produtores relançaram Escape from Galaxy III com a inclusão de cenas de sexo explícito. O resultado, até pouco tempo atrás, podia ser encontrado por aí, mas essa versão eu deixo para os mais curiosos procurarem.

Trailer


- Ouvindo: Eternal Summers – Gouge