29 de fevereiro de 2016
De Volta a Twin Peaks - Segunda Temporada, Episódio 3
Ronnete Pulaski convulsiona violentamente em sua cama no hospital. Recém-acordada do coma, a jovem se vê novamente vítima do assassino que tirou a vida de Laura Palmer. Como antes, Ronette é deixada viva, mas alguns indícios do ataque podem ser encontrados: a presença de tinta em seu soro e a letra “B”, recortada de uma revista, inserida sob a unha do seu dedo anular, fato semelhante às letras “R” e “T” encontradas, respectivamente, sob as unhas de Laura e Teresa Banks.
Dirigido por Lesli Linka Glatter e escrito por Robert Engels, o décimo episódio de Twin Peaks segue à risca a ideia de utilizar o cenário e personagens introduzidos com o assassinato de Laura Palmer para contar outras histórias.
Um exemplo disso é o caso de Nadine, que acorda do coma acreditando ainda estar com 18 anos; outro é o triângulo amoroso entre Lucy, Andy e o afetado Dick Tremayne, que vira a novela dentro da série no lugar da metanovela Convite ao Amor. Tirando o alívio cômico que estes arcos representam, de nada mais eles servem ao todo pela absoluta distância da trama principal.
Outra trama digna de novela é a do casal Donna e James, agora transformado em um triângulo amoroso com a chegada de Maddy. Pelo fato de estarem diretamente ligados a Laura Palmer, o trio merece algum destaque, já que o impacto da morte da garota em suas vidas foi grande. Mas sejamos sinceros: a maioria dessas cenas são tão entediantes e sonolentas quanto é de se esperar de um romance adolescente como aqueles com vampiros purpurinados.
Apesar de ser um picolé de chuchu ambulante, Donna tem bons momentos neste episódio: quando visita o túmulo de Laura Palmer e “confronta” a amiga, e o mais interessante deles em relação ao mistério, quando conhece o recluso e agorafóbico Harold Smith, que tem um quê de Norman Bates e o pior: possui o diário secreto de Laura.
Na investigação oficial, Cooper novamente deixa de lado o que aprendeu na academia do FBI para focar em métodos pouco convencionais em sua investigação, conduzindo uma sessão de hipnose com Dr. Jacoby. Internado no hospital Calhoun Memorial desde a noite em que foi atacado, Jacoby testemunhou o assassinato de Jacques Renault, mas não consegue se lembrar de quem foi o responsável. Regredindo até o momento em que o canadense foi atacado, o psiquiatra vê um rosto familiar: o de Leland Palmer.
Leland, por sua vez, também apresenta uma informação útil para a investigação do assassinato de sua filha, quando reconhece o principal suspeito do crime no retrato falado espalhado pela cidade. Seu nome é Robertson, e ele vivia no terreno vizinho à casa de veraneio dos Palmers em Pearl Lake há, pelo menos, uns 50 anos, quando Leland ainda era criança. Pela primeira vez, alguém além de Ronette afirma ter visto o assassino sem ser em sonhos ou visões, e o mais importante: agora há um local físico onde sua busca pode ser iniciada.
Das três coisas que o Gigante havia dito a Cooper, apenas uma ainda não havia sido confirmada: “sem químicos, ele aponta”. O enigma referia-se a Philip Gerard, o famoso homem de um braço só, que precisa drogar-se (ou medicar-se) para controlar seu ímpetos violentos. Ao falhar em drogar-se (ou medicar-se), Gerard entra em um estado maníaco e parte à caça de BOB, que ele percebe estar nas redondezas.
O Gigante também informa a Cooper que ele está se esquecendo de algo: o bilhete de Audrey, no qual ela diz que se infiltrará no One-Eyed Jack's. Tendo em vista a amizade dos dois e o fato da garota estar desaparecida há alguns dias, é estranho que Cooper esteja tão tranquilo com isso, ainda mais por investigar o mais recente ataque de um serial killer. Felizmente, mas nem tanto, Audrey está sendo “apenas” mantida em cativeiro como parte de um plano de vingança digno, ora veja, de uma novela mexicana.
Apesar de não ser arrastado como os anteriores, esse episódio tem um bocado de enrolação em meio a cenas bacanas como o monólogo anti-violência do cínico Albert Rosenfield. Mesmo com suas falhas, este capítulo figura entre os melhores da série, que viu neste momento uma terceira queda consecutiva na audiência motivada pelo fato do assassino de Laura Palmer ainda não ter sido revelado. Quem desistiu de Twin Peaks neste início da segunda temporada mal sabia que a resposta não estava tão distante assim como imaginava…
- Ouvindo: Day Wave - We Try But We Don't Fit In
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário